Só em Portugal existem cerca de dois milhões de hipertensos, de acordo com os dados do Programa Nacional das Doenças Cérebro-Cardiovasculares. No entanto, metade destas pessoas desconhece que sofre de tensão arterial elevada. O motivo é simples: não há sintomas imediatos e, sem medições, a hipertensão não é diagnosticada – e, por consequência, não é tratada.
Mas o que é, ao certo, a tensão arterial?
O que é?
A tensão arterial trata-se da “pressão com que o sangue circula dentro das artérias e que não é um valor exato, mas que vai – dentro dos valores normais – variando ao longo das 24 horas [do dia]”, explica o especialista.Esta pressão é normal e assegura que o sangue circula corretamente para todo o corpo. Os problemas começam, no entanto, no momento em que a pressão começa a exceder os valores normais, o que leva o coração a esforçar-se mais para bombear o sangue. É o que acontece quando se sofre de hipertensão.
Valores normais e de risco
A medição da pressão arterial assenta em dois patamares: a pressão arterial máxima (chamada de “sistólica”) e a mínima (“diastólica”).- Pressão arterial mínima
- Pressão arterial máxima
É importante fazer a medição dos valores de pressão sistólica e diastólica. No caso de adultos, tenha em conta a seguinte tabela:
Causas da hipertensão
Em 95% dos casos, a hipertensão não tem uma causa evidente, destaca o especialista do Hospital Lusíadas Porto. No entanto, certas situações podem contribuir para um aumento da pressão arterial:- Envelhecimento;
- Obesidade;
- Diabetes;
- Ingestão elevada de sal;
- Stresse emocional.
Consequências da hipertensão
Perante uma pressão arterial elevada e confirmada com diversas medições, é diagnosticada a hipertensão. Na prática, tal significa que, com o tempo, a pressão mais elevada terá como consequência um desgaste prematuro das artérias. Se o desgaste ocorrer, por exemplo, na circulação do coração, cérebro ou rins, poderá facilitar o aparecimento de doenças nesses mesmos órgãos, salienta Mário Espiga Macedo.A hipertensão arterial é um dos fatores que contribui para o Risco Cardiovascular Global de uma pessoa, conceito que traduz o risco de sofrer um acidente vascular ao longo da vida, como consequência da presença de vários fatores de risco. Caso não seja tratada, refere ainda o especialista, a hipertensão poderá resultar numa maior probabilidade de acidente vascular cerebral (AVC) e de enfarte do miocárdio.
Prevenção e mudança de comportamentos
A adoção de hábitos de vida saudáveis é essencial para prevenir o aumento da tensão arterial, sobretudo para hipertensos ou pessoas com risco cardiovascular elevado. Siga as recomendações:– Adote uma alimentação com pouco sal (cinco a seis gramas/dia), poucas gorduras e rica em fruta e legumes;
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– Não fume;
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– Pratique exercício físico de forma frequente (marcha moderada e energética durante 30 minutos, cinco a sete dias por semana; ou durante 75 minutos, três vezes por semana, por exemplo);
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– Evite o consumo excessivo de bebidas alcoólicas.
As alterações de comportamentos e da alimentação refletem-se precocemente no perfil tensional do doente. “Ao fim de oito dias já se podem ver resultados bem significativos, principalmente naquelas pessoas em que havia um excesso alimentar diário”, elucida Mário Espiga Macedo.
Medir a tensão arterial: como e com que frequência?
A tensão arterial deve ser medida anualmente, como parte do exame clínico de rotina recomendado a adultos. Diabéticos e pessoas com patologias renais, cardíacas ou neurológicas têm de ser controlados com maior regularidade. Mesmo assim, siga sempre as indicações do seu médico. Não há benefício, avisa Mário Espiga Macedo, “na medição muito frequente da pressão arterial [várias vezes por dia, por exemplo]. Em nada a melhora e é, muitas vezes, causa de ansiedade e preocupação do doente”.Para que a medição seja o mais correta possível, lembre-se:
- Faça-a de forma relaxada, e em repouso;
- Não fume antes da medição;
- Não tome café antes da medição;
- Não esteja com a bexiga cheia.
Os valores de tensão arterial ligeiramente acima do normal são um alerta para o maior risco de hipertensão. A pressão arterial entre 120/80 e 139/89 mmHg é considerada pré-hipertensão, um conceito geralmente associado à evolução da pressão arterial com a idade. Este é um termo adotado nos Estados Unidos (Joint National Commitee) e na Europa (Sociedad Europea de Hipertensión), mas que, como avisa Mário Espiga Macedo, “está em desuso”.